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A barraqueira que levanta a bandeira LGBT em Boa Viagem

  • nataliarib
  • 15 de jan. de 2021
  • 3 min de leitura

Uma bandeira com o arco-íris e a sigla LGBT, que paira sobre a orla de Boa Viagem, sempre despertou minha atenção nas imediações da praça mais famosa do bairro – e que leva o seu nome. Na manhã de uma terça-feira qualquer resolvi procurar o responsável pela inclusão colorida no espaço. Perguntei ao dono de um quiosque, que, a distância, apontou para Rosa. Ela estava na beira do mar, radiante, fazendo o que mais lhe dá alegria.


Rosa, que tem como nome de batismo Janeide Rosa de Lima, é uma recifense de sorriso largo. Tem pele negra, cabelos cacheados e alegria suficiente para ser notada de qualquer lugar. Não por menos, recebeu o apelido de "sorriso”. É uma mulher forte. Mãe de quatro filhos e solteira, a barraqueira de 43 anos já tem seis netos. “Ter eles por perto é tudo para mim”, disse.


Outro bem valioso a Rosa é o seu trabalho. Por um bocado de tempo foi empregada de barracas na beira da praia, mas há cinco anos tem uma para chamar de sua. Foi a realização de um sonho. “Os clientes me ajudaram a comprar cadeiras e guarda-sol. Fizeram um grupo e arrecadaram dinheiro”.


Os itens de praia, na cor verde, foram marcados com a letra R, de Rosa. Eles são alugados para turistas do Brasil e do exterior. A oferta de bebidas e comidas da barraca é grande. “Tem cerveja, caipirinha, refrigerante, água mineral, petisco, peixe, carne de sol, batata frita e macaxeira. Fora os coquetéis que eu faço no fim de semana", comenta ela entre sorrisos, enquanto me chama de amiga.


Rosa é daquelas pessoas que fazem amizade fácil. Ela conhece todo mundo e gosta de estar perto das pessoas. Também gosta de chamar a atenção para a barraca. Por isso, decidiu ter uma bandeira nas cores LGBT. Uma não, várias. Todos os anos ela adquire uma nova. Entre os motivos estão o desgaste do tecido, provocado pela maresia e pelo vento, o enfraquecimento dos tons, pelo sol, e o preconceito. Sim, há quem não respeite a ideia e rasgue o pano.


Ela admite que, no começo, a bandeira foi colocada apenas para atrair clientes. Hoje, porém, Rosa mostra que adquiriu consciência e defende a causa. “Dizem que eu sou corajosa por não ser do negócio e colocar a bandeira, mas não. Eu estou dando um grito de respeito e de igualdade para todos". A versão de 2021 já está sendo fabricada – e com novidades. Será LGBT+, para incluir a todos.


Nas redes sociais, Rosa publica fotos com clientes junto à bandeira. Ela garante que o local se tornou um ponto de encontro LGBT. Quem caminha pelo local, assim como eu, certamente tem curiosidade em saber a história por trás das cores da barraca de Rosa. Já quem chega não tem dúvidas: será aceito como é.


Notas

- O termo LGBT está em uso desde os anos 1990, sendo uma adaptação de LGB, que era utilizado para substituir o termo gay para se referir à comunidade LGBT no fim da década de 1980. Os primeiros registros de utilização partem dos Estados Unidos;


- No Brasil a sigla LGBT foi aprovada em 2008, durante a 1ª Conferência Nacional LGBT, onde houve a troca de GLBT para a nova denominação;


- Atualmente a LGBTQQICAPF2K+ é a sigla de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis, Queer, Questionando, Intersexo, Curioso, Assexuais, Pan e Polissexuais, Amigos e Familiares, Two-spirit e Kink. A versão resumida, que busca atender a todos os públicos mencionados, é a LGBTQ+.


Rosa admite que ergueu a bandeira para atrair o público LGBT,, mas hoje não a abandona por consciência


Texto e foto: Natalia Ribeiro

 
 
 

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