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A quem importa

  • nataliarib
  • 4 de jan. de 2021
  • 2 min de leitura

Atualizado: 6 de jan. de 2021

Pouco mais de um ano separa as duas histórias de dolorosas coincidências.

Quando as luzes de 2019 se apagavam, a três dias da virada, morreu Pelezinho.

Pessoa em situação de rua, ele era uma das figuras da cidade.


Todos o conheciam. Fosse pelo apelido ou pelo carrinho de bebê que empurrava pelas ruas de Lajeado.

Apesar disso a empatia não o atingiu. Morreu carbonizado, numa casa abandonada que fizera de lar. O chão batido era o palco da sua fogueira para esquentar as noites frias. E ela nunca mais foi acesa.

"Gostava muito dele. Estou em choque", disse a secretária municipal de Assistência Social.


Um ano para evoluir e aprender. Assim classificamos 2020.

A pandemia provocou uma reflexão profunda da sociedade. Será mesmo?

O medo de perder a própria vida ou a de pessoas queridas fez com que a maioria guardasse o cuidado dentro de casa. Virou amor em quatro paredes. Enquanto isso, outros 'pelezinhos' não tinham um teto de proteção para fugir do vírus.

Na rua não há privilégios ou mesmo compaixão. Há a pena, que, por vezes, nos leva a dar migalhas. Seja com um trocado ou um pão comprado na padaria da esquina. Fora isso, os seres em evolução na pandemia fecharam as suas portas em sinal de segurança.


Se tivéssemos posto em prática o que dissemos aprender em 2020 poderíamos ter acordado sem a notícia de mais um corpo carbonizado no promissor município gaúcho.

Manhã de 4 de janeiro de 2021 e lá estava ele. Apenas um corpo enrolado em um colchão, nos fundos de um prédio desocupado de uma estatal; assim relatou a notícia.


A quem importa, afinal, saber se o falecido estava entre os inúmeros em situação de rua? Ou mesmo o que o levou até o velho imóvel? A quem importa, afinal, evitar que em 2022 não venhamos a ler a mesma notícia?

Texto e foto: Natalia Ribeiro

 
 
 

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