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Braços que sustentam sonhos

  • nataliarib
  • 19 de jan. de 2021
  • 3 min de leitura

Desde criança, Carlos André do Nascimento sabe que trilha um caminho diferente de muitos. Ele aceitou o desafio de viver com limitações e a cada amanhecer reúne forças para realizar sonhos. Sua sustentação está, em boa parte, nos braços, já que eles não carregam sequelas da poliomielite. Por isso os utiliza da melhor forma: exercitando para vencer a deficiência física.


Aos 42 anos ele reúne muitas experiências - quase todas no esporte. A vida desse recifense está pautada pela movimentação do corpo. “Sou inquieto e versátil”, me conta à beira-mar. Conversamos numa manhã de janeiro em frente a um luxuoso hotel da capital. Ele vai ao local todos os dias, partindo de Casa Amarela, onde mora, para pedir ajuda em uma campanha.


O trajeto até Boa Viagem, que passa de 30 minutos, é feito de ônibus. Sozinho, com danos em parte da coluna e sem movimentos na perna esquerda, ele se apoia em muletas para se locomover. Leva consigo cartazes e medalhas – e foram justamente estas que despertaram a minha atenção.


“Tenho várias medalhas e vários troféus, mas não dá para trazer tudo, senão fica pesado”, comenta ao mostrar os itens colocados no banco da praia. Ele compete desde os 18 anos. Pergunto da medalha que mais lhe dá orgulho e ele logo aponta para uma delas, além de emendar a história que carrega. “É de uma competição no Rio de Janeiro. Fiquei em terceiro, mas é como se fosse primeiro colocado pela forma que veio. Viajei de ônibus três dias e saí sem dinheiro".


Pode parecer estranho que alguém com uma história de tantas conquistas vá até a praia todos os dias, de ônibus, para pedir ajuda. O motivo é o suporte do qual o atleta precisa. Por vezes, é necessário ter mais do que a força dos próprios braços para praticar basquete e corrida.


A primeira demanda foi a de uma cadeira de rodas adaptada para os esportes. Há uma empresa que fabrica o modelo no Brasil, ao custo aproximado de R$ 10 mil. Recebendo pouco mais de R$ 1 mil mensais, oriundos de um Benefício de Prestação Continuada (BPC), e com a mulher desempregada, ele não conseguia juntar dinheiro. Foi quando decidiu pedir ajuda na praia. E conseguiu.


De forma surpreendente, foi abordado por um homem que bancou todo o valor. “Passou um abençoado e perguntou a mim quanto era a cadeira. Eu disse que a mais barata era nacional, de R$ 10 mil. Passei o contato da fabricante, de Goiás, e ele buscou as informações”. Há dois meses ele usufrui da cadeira, em especial nos treinos diários no Centro Esportivo Santos Dumont, em Boa Viagem.


O episódio marcou o início de uma amizade. Nascimento recorda que certa vez pôde dar auxílio ao amigo, quando do falecimento do seu filho. “Oramos e choramos juntos”. Muito ligado à fé e à religião, ele diz que “me comovo com a vida de qualquer pessoa. Seja rico ou pobre, comigo não tem diferença".


Agora a competição é outra. Depois de ver a conquista da cadeira ser concretizada, ele batalha para ter um empresário. Por isso segue indo até a praia. Com um cartaz ele conta a todos o motivo da sua presença: patrocínio mensal. “Antes da crise de 2018, que antecedeu a pandemia, eu tinha um patrocínio que dava em torno de R$ 5 a R$ 6 mil mensais. Agora estou sem nada. Estou zerado", explica. Para seguir competindo ele precisa de mais braços de apoio.


Notas

- Interessados em ajudar na campanha “#Patrocine o atleta” podem depositar qualquer quantia na Caixa Econômica Federal. A agência é 0678, a operação 013 e a conta 00012281-4. Mais informações podem ser obtidas pelo WhatsApp (81) 9 8479-1737 ou na página @andreatleta1978 no Instagram.

Carlos André do Nascimento foi diagnosticado com poliomielite aos 5 anos, depois de ter sido vacinado. Médicos acreditam que ele já havia sido infectado quando da imunização

Texto e foto: Natalia Ribeiro


 
 
 

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